A GIBOIA MIQUILINA
Esse caso aconteceu há muitos anos atrás, quando . Augustinho dos Anjos, percorria as mais distantes comunidades da nossa zona rural, negociando em seu motor de nome "Perereca". Comecava pelos paranás do Comprido, Albano, dai se estendendo até a costa do Juqueri, Arco, Arari, Ilha das Onças, Mocambo, Caburi, Saracura, até Mamuru, Tracajá, Uaicurapá e Juruty, no Estado do Pará. Percorria toda essa região, vendendo e trocando gêneros alimenticios por produtos regionais, tais como juta, cipó, palha, farinha, piaçava, borracha e couros e peles de animais que, posteriormente eram comercializados nos armazéns da firma J.G. Araújo \& Cia. Ltda., na Vila Amazônia. A embarcação de Augustinho, tinha aproximadamęnte 15 metros de comprimento $e$ era no estilo dessas barcaças que trafegam diariamente do Estado do Pará pelos rios de nossa região. Em seu interior levava de tudo, desde cachaça "Cocal" a mais requisitada daquela época, tabaco dé molhe, mel de cana, rapadura, até medicamentos, como Pílula da Vida, Jalapa, Especifico 33, Colírio de Santa Luzia, etc.
"Perereca", andava bastante lento, em sua máquina, um Victor Diesel de seis cavalos, quando chovia para o matnr fincionar era um Deus nos acuda. Tinha de ser tratadc carinho e esquentado a maçarico, senão era prego na passava semanas e semanas percorrendo o nosso hinterland realizando trabalho de "regatão". Quando retornava a Parintins, vinha lotado dos mais diferentes produtos nativos. Uma parte desses produtos era vendido na cidade, enquanto a juta, farinha e borra. cha, eram entregues nos armazéns do J. G. Araújo, na Vila Amazônia.
Augustinho, caboclo estúrdio e assiduo conhecedor dos usos, coisas e costumes da Zona Rural, adorava um forró-bodó e em cada localidade onde pernoitava, não perdia tempo, logo contrafa um novo amor, principalmente na região do paraná do Albano e Caburi. Outra grande paixão de Augustinho, era bicho. Gostava de criar de tudo, desde capivara a anta. Mas, o bicho de estimação que ele mais adorava, era uma cobra gibóia, cujo o nome era chamada carinhosamente de "Miquilina". Nas horas de folga passava o tempo acariciando o réptil, este por sua vez se empavola. va todo, se enrolando dos pés a cabeça de Augustinho, que até então ainda era bem jovem, pois só contava com 35 anos de idade e precisava arrumar uma esposa para preencher os dias de solidão. Foi em uma festa no paraná do Albano que, Augustinho conteceu.
