O VELORIO DO SAO BENE
O popular estivador "Bené", morador antigo do bairro de São Benedito, bem como o famigerado e conhecido "Quati", diariamente, e após o trabalho, antes de irem para casa; paravam num "boteco" próximo ds suas residências para tomar umas e outras. Isso constituía um hábito e prazer.
Naquela tarde, assim que chegaram, souberam que um companheiro de copo havia falecido. Condo/do, Bené fez o comentário: "coitado, ele vivia com um parente. . . Parece que não tem mais ninguém para velar seu corpo. . . A não ser nós seus amigos de cachaça".
Aquelas frases atingiram seu objetivo, e os dois resol. veram levar alguns amigos e as famílias ao velório do falecido. Seria o último adeus ao bom camarada.
E se assim decidiram, melhor fizeram.
O único parente do falecido ficou bastante comovido quando viu chegar a pequena multidão. $E$ os amigos e parentes do extinto rodearam o corpo que ainda se encontrava na mesa, coberto por um lençol, aguardando o caixão que tardava.
Acontece, que a noite era das mais frias. $E$, lá pelas tantas, alguém fez a sugestão: "que tal irmos até o "boteco" tomar alguma coisa para esquentar?"
Nenhum dos homens disse não. E, pouco depois, viraram várias doses de "Rabo-Fino", esquecidos momentaneamente do defunto. Não demorou muito, estavam às gargalhadas, totalmente tomados pelo álconl.
E foi assim que voltaram para o velório, para encon. trar as esposas e os filhos dormindo pelos cantos.
A algazarra que faziam era tanta, que fez com que a esposa de Bené os chamasse à atenção: "respeitem o morto, gente!"
Olharam todos, então, para o corpo hirto em cima da mesa.
E acontece uma coisa das mais estranhas: as mãos do falecido, cruzadas em cima do peito, foram-se descruzando e os braços caindo ao lado do corpo. Foi um Deus nos acuda!
Num repente, os alcoolizados sairam em disparada porta a fora, todos querendo passar ao mesmo tempo. Bené não encontrando caminho atirou-se pela janela.
